segunda-feira, 13 de junho de 2011

EXPERIÊNCIAS


        O menino de olhar manso e roupa rasgada namora o bolo na vitrina do restaurante.
        Cavalheiro bem vestido vai entrando e o pequenino roga-lhe um pedaço.
        O homem afasta-o, irritado, e transpõe a porta, buscando refeição.
        Passa jovem mulher com grande bolsa a bambolear-se e o garoto volta a pedir.
        Mas, inutilmente.
        A moça nega-lhe o pedaço de pão de ló, falando em vadios e malfeitores.
        Nisso chega andrajoso mendigo e seu olhar cruza com o olhar do menino que nada lhe pede e continua contemplando o petisco.
        O velhinho, condoído, procura algum dinheiro no paletó em frangalhos, compra um naco do bolo e, sorrindo, entrega a preciosidade à criança que, surpresa, agradece, comendo avidamente.
*
        A justiça da reencarnação possibilita às almas o rodízio indispensável nas condições diversas da vida humana, para que os espíritos experimentem todos os tipos de aprendizado; contudo, entendemos com mais segurança e nos predispomos a auxiliar com mais presteza o próximo, quando já passamos pelas mesmas dificuldades que o atormentam.
        Bendigamos, assim, a provação que a Terra porventura nos apresente, porque apenas as duras experiências vividas nos ensinam a ajudar aos nossos irmãos em duras experiências, e somente auxiliando os outros é que seremos auxiliados.
(De “Bem-aventurados os simples”, de Waldo Vieira, pelo Espírito Valérium)