terça-feira, 17 de maio de 2011

Escutatória


Rubem Alves 
Sempre vejo anunciados cursos de oratória.
 Nunca vi anunciado curso de escutatória.
 Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.
 Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.
No fundo, somos os mais bonitos...
Diz Alberto Caeiro que... não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
 É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
 Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
 Daí a dificuldade...
A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...
 Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração.....
E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor...

Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...
 Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.
 Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.

... Aí, de repente, alguém fala.
 Curto.
 Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio.
 Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos.....
 Pensamentos que ele julgava essenciais.
 São-me estranhos.
É preciso tempo para entender o que o outro falou.

O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
 Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza...
Na verdade, não ouvi o que você falou.
 Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.
Falo como se você não tivesse falado.

Segunda: Ouvi o que você falou.
 Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.
 É coisa velha para mim.
Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
 Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo.
 O que é pior que uma bofetada.

Eu comecei a ouvir.
 Fernando Pessoa conhecia a experiência...
 E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras...
No lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.
 Somos todos olhos e ouvidos.

 Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar...

Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.
 Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. 

Dez Maneiras de Amar a Nós Mesmos

Livro: Paz e Renovação 

André Luiz & Francisco Cândido Xavier
1 - Disciplinar os próprios impulsos.
2 - Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que pudermos.
3 - Atender aos bons conselhos que traçamos para os outros.
4 - Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação.
5 - Esquecer as faltas alheias sem desculpar as nossas.
6 - Evitar as conversações inúteis.
7 - Receber o sofrimento o processo de nossa educação.
8 - Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o bem.
9 - Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão.
10 - Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.