terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sérgio Filipe de OliveiraMÉDICO PSIQUIATRA INVESTIGA MEDIUNIDADE

Sérgio Felipe de Oliveira é médico. Licenciado pela Universidade de São Paulo (USP), é Doutor em Ciências pela USP, director clínico do Pineal-Mind Instituto de Saúde de São Paulo. Além disso, actua nas áreas de Psiquiatria e Clínica Médica. É ainda coordenador e professor responsável do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu de Psiquiatria Transpessoal, disponibilizado pela Universidade de São Paulo (USP). Presidente da Associação Médico-Espírita de São Paulo, aqui fica a entrevista com um dos mais respeitados médicos psiquiatras e investigadores da actualidade.
Nos seus cursos, como introduz às pessoas o estudo da mediunidade?
Sérgio Felipe de Oliveira – De início, é necessário apresentar os conceitos de Universos Paralelos e a Teoria das Supercordas (1), porque essas hipóteses científicas buscam a unificação de todas as forças físicas conhecidas e pressupõem a existência de 11 dimensões, coincidindo com a revelação espírita sobre os diversos planos da vida espiritual. Temos de estudar também outros temas científicos importantes, tais como a energia flutuante quântica do vazio (2), prevista por Einstein e desenvolvida por Paul Dirac, o teorema de Godel (3), e discutir um pouco acerca do tipo de matéria que participa da constituição dos corpos subtis do espírito, e recorremos ainda à área da Psicologia Transpessoal (4). Assim poderemos entender melhor como se produz a comunicação entre os espíritos encarnados e desencarnados.
Como é vista a mediunidade pela medicina?
SFO – O Código Internacional de Doenças (CID) n.º 10 (F 44.3), de certa forma, já o admite. Do mesmo modo que o Tratado de Psiquiatria de Kaplan e Sadock, no capítulo sobre as teorias da Personalidade, quando se refere ao estado de transe e a possessão por espíritos. Carl Gustav Jung, por sua vez, estudou uma médium possuída por espíritos. Enfim, já há total abertura para discutir o tema sob a óptica meramente científica. No contexto fisiológico, o que é a mediunidade?SFO – A mediunidade é uma função de senso-percepçã o. É igual a uma outra qualquer função deste tipo. Para exercê-la é necessário que haja um órgão que capte e outro que interprete. Na nossa hipótese de trabalho, a glândula pineal é o órgão sensorial da mediunidade; como um telemóvel, capta as ondas do espectro electromagnético que provêm da dimensão espiritual e o lóbulo frontal faz o juízo crítico da mensagem, auxiliado por outras áreas encefálicas.
A glândula pineal altera-se com a idade?
SFO – De facto, ocorre a biomineralizaçã o da glândula pineal, ela calcifica-se. Enfim, na minha tese de mestrado na USP, investiguei os cristais de apatita da pineal, mediante a difracção dos raios-X, utilizando ainda a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Tive a oportunidade de observar nesses cristais uma microcirculaçã o sanguínea que os mantêm metabolicamente activos e vivos. Penso que são estruturas diamagnéticas que repelem ligeiramente o campo magnético, e isso faz com que a onda caminhe em "ricochete" de um cristal ao outro. Assim se produz o sequestro do campo magnético pela glândula pineal. Quanto mais cristais tem um indivíduo mais possibilidades terá de captar ondas electromagnéticas. Os médiuns ostensivos revelam possuir mais cristais.
Que sintomas poderiam derivar deste facto?
SFO – Variam dependendo do tipo de mediunidade. Nos fenómenos espíritas, como é o caso da psicofonia, psicografia, possessão etc., há captação pelos cristais da glândula pineal e sua activação é adrenérgica, quer dizer que pode ocorrer taquicardia, aumento de fluxo renal, circulação periférica diminuída, etc. No fenómeno anímico, em que a alma do encarnado se desprende do corpo, ou seja nos estados de desdobramento, os sintomas são outros; podemos ter distúrbios de sono, sonambulismo, terror nocturno, ansiedade, fobia, etc. Encaixam aqui também os fenómenos de cura e ectoplasmia. Nos anímicos ocorrem mais fenómenos colinérgicos; aumento de actividade do aparelho digestivo, diminuição da pressão arterial etc. Quer dizer que a mediunidade não se manifesta sempre como fenómeno paranormal?SFO – Nem sempre. Uma boa parte das vezes se expressa mediante alterações do comportamento psicobiológico. Explico: a glândula pineal é um órgão sensorial, capta as ondas do espectro magnético provenientes de universos paralelos; a percepção seria enviada ao lóbulo frontal que a interpretaria. Mas para isso é necessário experiência e sobretudo estudo e também transcendência, senão não se desenvolve nessa área.
E se o indivíduo não consegue essa transcendência?
SFO – Nesse caso, as ondas do espectro magnético vão influir directamente sobre as áreas do hipotálamo e as estruturas adjacentes sem passar pelo juízo crítico do lóbulo frontal ou sem seu comando. O indivíduo perde o controlo do comportamento psicobiológico ou orgânico. É o que se passa em muitos casos de obesidade, quando a pessoa come sem necessitar, ou pode ter dificuldades nas relações sexuais. Se o impacto se produz na área da agressividade, pode exacerbar a autoagressividade do indivíduo, e desencadear depressão e fobia, ou a heteroagressividade , que expressa violência para com os outros. Se se acciona o sistema reticular ascendente, que é o responsável pelos estados de sono e vigília, podem ocorrer distúrbios nessa área. Nos casos citados ocorrem sintomas sem desenvolvimento mediúnico, com alterações hormonais, psiquiátricos, orgânicos. Se não se controla o lóbulo frontal, predominam as áreas mais primitivas. O indivíduo não usa a capacidade de transcendência. São hipóteses que recolhi nas investigações e nos elementos clínicos.
O problema é espiritual ou orgânico, o que diz?
SFO – Não existe uma coisa separada da outra. Eu parto da hipótese de que a pessoa é o espírito. Assim, a influência espiritual tem repercussões biológicas e os comportamentos psicorgânicos influem sobre o espírito. Como integrar ciência e espiritualidade?SFO – O cérebro está embriologicamente previsto no coração. Não existe raciocínio sem emoção. Somente o desenvolvimento da capacidade de amar constrói a verdadeira identidade das pessoas. Enquanto não existir uma união definitiva entre ciência e espiritualidade, a humanidade não encontrará a paz e o amor.
Faz as suas pesquisas exclusivamente com investigadores espíritas?
SFO – Não. Fazemos com espíritas e não espíritas, já que ambos temos os mesmos objectivos.
Actualmente tem algum projecto?
SFO – Sim, a Universidade do Espírito é um projecto universitário para o ensino e investigação em pós-graduação para profissionais das áreas da medicina, psicologia, pedagogia, sociologia, biologia, física, cosmologia e outras. Contará com salas de aula, laboratórios, biblioteca, administração, arquivos, ambulatórios e um centro informático. Este nosso projecto conta com o apoio de várias instituições estatais, como a própria USP e privadas, além de vários profissionais em diversas áreas científicas. Deste modo, a Universidade do Espírito funcionará como elemento centralizador da rede de formação de hospitais espíritas, que no Brasil são cerca de 100. Também contará com um núcleo de estudiosos espíritas da USP, que reunirá professores, cientistas e investigadores espíritas desta universidade, sem excluir outros cientistas estrangeiros, como o vosso eng.º Luís de Almeida, que foi por nós convidado para ingressar neste projecto. NOTAS (por Luís de Almeida):1) Teoria das Supercordas, é uma teoria cosmológica que descreve as partículas como ondulações de cordas, unificando assim a "mecânica quântica" e a "relatividade generalizada" , ou seja os seus objectos fundamentais não são as partículas que ocupam um único ponto no espaço, mas sim objectos (cordas) unidimensionais. No total existem 5 teorias das cordas, que foram unificadas numa só, a Teoria-M.2) Estado de menor energia de um sistema quântico, que está presente no espaço cosmológico aparentemente vazio.3) Teorema da Incompletude de Gobel, afirma que em qualquer sistema formal de axiomas (exemplo, a matemática actual) é possível fazer afirmações cuja a veracidade ou falsidade não podem ser demonstradas usando apenas os axiomas que definem o sistema, demonstrando matematicamente que há problemas que não podem ser resolvidos por meio de nenhum conjunto de regras ou procedimentos, impondo desta forma limites fundamentais e destruindo assim a crença generalizada de que a matemática era um sistema coerente e completo com uma base lógica única.4) É uma ciência holística que busca transcender os aspectos pessoais do ser, elevando-o a uma condição totalmente espiritual. Está baseada na física moderna subatômica, cujo modelo quantum-relativístico busca apresentar um ponto de vista integrado da teoria de quantum e relatividade, onde o Universo todo (matéria/energia) é uma entidade dinâmica em constante mudança num todo indivisível.
Texto oferecido pelo autor, que é membro do CECA, publicado no "Jornal deEspiritismo" da ADEP – Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal Texto: Cristina Carvalho